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segunda-feira, 8 de junho de 2015

A Consagração pedida por Nossa Senhora nas aparições em Fátima e a missão providencial da Rússia

Nota:  Este artigo apareceu no foro Cruzados, uma versão latina do foro anglófono moderado pela resistência e recomendado pelo Mons. Williamson.  Eu mesmo, desde criança, passava o tempo lendo o Fatima Crusader e nunca havia lido nenhum artigo assim, em poucas palavras, é excelente. 

Foi traduzido ao inglês aqui  , foi comaprtilhado em NON POSSUMUS em espanhol e também por nos aqui.

Agora já tem traduzido o artigo ao checo aqui

Ícone de Nossa Senhora de Fátima na Russia



A consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria, pedida pela Virgem em suas aparições aos pastorzinhos de Fátima, não deixa de ser um tema que produz controvérsias, negações e discussões. Cremos que não é um tema que ficou ancorado no passado, senão que, pelo contrário, cada dia se torna mais atual. Dizemos sim que é necessário colocar esta questão que inimigos encravados na igreja conciliar e, curiosamente os sedevacantistas que dizem opôr-se, desdenham e descartam.

Em sua terceira aparição em Fátima, em 13 de julho de 1917, a Santíssima Virgem, depois de ter mostrado a sorte que sofrem os condenados ao Inferno, lhes disse às três crianças pastores o seguinte:



"Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para salvá-las, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração.


"Se fizerem o que eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar. Mas, se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior. Quando virdes uma noite iluminada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá, de que vai punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome, e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para impedir isso, virei pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração, e a Comunhão Reparadora nos Primeiros Sábados. Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz. Se não, espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados. O Santo Padre terá muito que sofrer. Várias nações serão aniquiladas."

A relação entre a menção da Rússia na mensagem, e a Revolução bolchevique ocorrida pouco tempo depois nesse mesmo ano, foi clara e como tal a associação entre os males do comunismo ateu que a revolução pretendia expandir pelo mundo e a consagração da Rússia, evidente. A mensagem é muito clara a respeito.

No entanto, nessa aparição Nossa Senhora não pediu a consagração da Rússia a seu Imaculado Coração. Ali anunciou que voltaria a pedi-la. O fez apenas em 1929. Por quê? Quê relação há entre esse ano e o pedido da consagração? Se 1917 está marcado pela aparição de Fátima e a Revolução bolchevique, eventos que podem e devem relacionar-se, quê sentido pôde ter o que quis nos dar a conhecer o Céu com o pedido explícito da consagração da Rússia realizado em 1929?

Mas antes de introduzirmos esta questão, vejamos primeiro este pedido. Em 13 de Junho de 1929, estando a Irmã Lúcia de Fátima no noviciado das Irmãs Doroteas em Tuy, Espanha, foi testemunha de outra aparição de Nossa Senhora, que voltava para cumprir aquilo anunciado em 1917. Isto disse Nossa Senhora à Irmã Lúcia:


“É chegado o momento em que Deus pede para o Santo Padre fazer, em união com todos os Bispos do mundo, a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração, prometendo salvá-la por este meio. São tantas as almas que a Justiça de Deus condena por pecados contra Mim cometidos, que venho pedir reparação: sacrifica-te por esta intenção e reze.”

Se sabe que a consagração da Rússia, tal como foi pedida por Nossa Senhora, nunca foi realizada. Houve consagrações do mundo, mas não a consagração exclusiva da Rússia pelo Papa em união com os Bispos do mundo.

Alguns crêem ou ensinam que esta consagração já não é necessária que se faça, pois Rússia já espalhou seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Então seria inútil realizá-la.

Isto é assim?

A conclusão de todo o Segredo de Fátima é:


"Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-Me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz”.

Mas antes que isto ocorra, haverá um grande castigo para a Igreja e o mundo. Esse castigo, segundo a mensagem divina, teria sua origem na Rússia:


"Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja; os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas."

No entanto, as duas posturas contrárias à consagração da Rússia dão suas razões: os liberais, afiram que não é necessária pois na Rússia caiu o comunismo; alguns sedevacantistas, que Rússia já castigou o mundo espalhando o comunismo, então a consagração seria desnecessária. Para uns, então, já se haveria cumprido exitosamente com o pedido da Virgem; para outros, já veio o castigo, portanto tudo ficou no passado.

Talvez para entender melhor as implicações da mensagem, tem-se que pensar no seguinte: quê é que a Rússia espalhará pelo mundo? Quais são seus erros? A resposta parece óbvia: o comunismo. Mas, o que é o comunismo? Não uma ideologia, nem uma filosofia, nem um sistema econômico, nem uma forma de governo. É na verdade isto: "uma conspiração para a revolução". E esta revolução é a que leva até suas últimas consequências o ódio diabólico a Deus.

A definição dada do comunismo foi tomada de um dos documentos fundamentais para entender a revolução no mundo moderno, em especial a história dos últimos cem anos. Nos referimos ao "Interrogatório Rakovsky", também conhecido em sua edição espanhola como "Sinfonia em Vermelho maior" (documento que pode ler-se neste resumo ou completo aqui [ambos em espanhol]).

De quê se trata?

Em 1938, a polícia secreta soviética, NKVD, durante um dos expurgos de Stalin contra seus inimigos trotskistas, realizou um interrogatório com o agente maçom illuminati Christian Rakovsky, notável conspirador da primeira hora, sócio de Trotsky na revolução russa, e embaixador de Moscou em Paris. Rakovsky se despacha durante toda uma noite -sua vida estava em jogo- com revelações que nunca deveriam sair à luz, mas que por circunstâncias extraordinarias chegaram a conhecer-se. Este agente dos Rothschild explica por exemplo que "o objetivo da Revolução é nada menos o de redefinir a realidade em condições aos interesses dos banqueiros. Isto implica a promoção da verdade subjetiva sobre a verdade objetiva". Descobre que é o poder do dinheiro ("Imperialismo Internacional do Dinheiro" o chamou o Papa Pio XI) o que financiou as revoluções anti-cristãs e desde suas origens o Comunismo. A respeito à Revolução na Rússia, perdendo o controle sobre Stalin, o mesmo banco internacional que financiou a Revolução soviética financiou a Hitler, para opôr-se ao "bonapartista" tirano, que interrompeu a iminente mundialização da revolução que levava a cabo Trotsky, colocado fora de combate por uma doença mortal. Abriram assim o caminho à uma guerra em duas frentes, cujo objetivo final era expandir a revolução comunista a todo o mundo. Logo perderam o controle sobre Hitler, que começou a emitir seu próprio dinheiro contra os interesses do banco internacional, vendo-se obrigados a fazer uma frente aliada com Stalin. Duas datas são chaves neste processo revolucionário. Uma, 25 de outubro de 1927. A outra, o 24 de outubro de 1929.

Nas palavras do mesmo Rakovsky:


"Recordo aquela manhã do dia 24 de outubro de 1929. Um tempo chegará em que será para a História da Revolução um dia mais importante que o de outubro de 1917. O dia 24 é o crack da Bolsa de Nova York; princípio da chamada "depressão", autêntica Revolução.Anote isto: neste ano de 1929, no primeiro ano da Revolução Americana, em fevereiro, saiu Trotsky da Rússia; o crack é em outubro... O financiamento de Hitler foi aprovado em julho de 1929. Crê que seja tudo casual? Os quatro anos de Hoover são os empregados em preparar a tomada do poder nos EUA e na URSS, ali, por meio da Revolução Financeira; aqui, pela guerra e derrotismo subseguinte..."

Se a revolução houvesse triunfado em 1917 na Rússia, foi em 1929 quando triunfou totalmente nos EUA e portanto começou a exitosa expansão mundial dos erros surgidos na Rússia. Apesar de que poderia pensar-se que já em 1913 com a fraudulenta fundação da Reserva Federal, a usura internacional revolucionaria havia vencido ao fazer-se com as molas econômicas do país, foi em 1929 quando o "americano clássico" caiu escravizado a Wall Street e sua moral esmagada.

Exatamente em meio desses dois feitos sucedidos nesse ano, a saída de Trotsky, agente Rothschild nos EUA, e o crack [da bolsa] de outubro, se produziu a aparição da Virgem em Tuy. Pouco tempo depois de seu pedido, os banqueiros aprovavam o financiamento a Hitler, preparando a guerra mundial.

Prestemos atenção também neste detalhe, que nos parece significativo: o interrogatório a Rakovsky realizou-se na noite de 25 a 26 de janeiro de 1938 (desde as 21 até as 3 horas no horário de Europa ocidental). Pode-se dizer que a entrevista começou ao finalizar a luz de advertência que havia anunciado Nossa Senhora que se veria no céu, como anuncio da próxima guerra!

Essa guerra a estava anunciando um agente illuminati nessa mesma noite. Era uma guerra impulsionada pela revolução comunista mundial, cujo braço estava em Moscou, mas cujo cérebro residia nos Estados Unidos da América (ainda que uns e outros países eram peões de judeus sionistas, recorda-se que na mesma semana em que se produziu a Revolução Soviética se concretou a "Declaração Balfour" em Londres, que abria as portas ao Sionismo para a ocupação futura da Palestina). Tudo isto permitido pela Providência para castigo dos homens rebeldes a Deus.

Se vinculamos, então, inevitavelmente o anuncio de 1917 com a revolução russa, podemos relacionar o pedido feito em 1929 com a outra revolução de 1929, ou, melhor dizendo, a outra etapa da mesma revolução. Isto é assim porque seus responsáveis foram os mesmos, com o único fim de acabar com todo o vestígio da Ordem Cristã e a Igreja Católica. Para chegar a isto deviam por um lado trabalhar clandestinamente ad intra na Igreja (triunfariam na Revolução de outubro do Concílio Vaticano II, recorde-se: começado em 11 de outubro, em 1962) e ad extra corrompendo e esmagando as sociedades herdeiras da ordem Romana da Cristandade.

Mas então, porque Nossa Senhora não pediu a consagração dos EUA e sim a da Rússia? Acaso não foi mais exitoso o modelo corruptor da impiedade anglo-americana-sionista, que o sistema formal do comunismo russo, reprimido a partir de 1989 com a queda do muro de Berlim?

A resposta é essa: Rússia tem uma missão providencial na história.

O universalismo é uma constante em sua história e ninguém pode negar que o comunismo cobra força ou se vale de uma país que não somente possui vocação imperial, senão que se sente chamado a realizar a "redenção" universal. Desde a época dos Czares os russos creram chamados a salvar a Europa. O czar Alexandre I combateu as doutrinas da Revolução Francesa. Em diversas ocasiões Rússia constituiu um muro defensivo para a Cristandade. "Nenhum outro povo tem sentido tão agudo e instintivo de não haver sido criado para este mundo", afirma o P. Alfredo Sáenz em sua obra "De la Rus' de Vladimir al 'Hombre nuevo' soviético". Vladimir Soloviev falou da missão histórica-religiosa da Rússia. "O caráter eminentemente religioso do povo russo, assim como a tendência mística que se mostra em nossa filosofia, nas letras e nas artes, parecem reservar à Rússia uma grande missão religiosa" (Rússia e a Igreja universal, ob. cit.) Afirmava também que a vocação peculiar da Rússia "constituía em levar a sua plenitude o inaugurado por Constantino e Carlos Magno" (cfr. ob. cit.). Também Dostoievsky  se ocupou de destacar a missão universal da Rússia. Por outra parte, a ameaça da Rússia sobre a Europa havia sido assinalada por Napoleão Bonaparte, pelo Marquês de Custine e por Donoso Cortés, entre outros. Sendo Rússia o maior país do mundo, e dotada de tal vontade totalitária, se compreende bem que dominado por uma religiosidade invertida e satânica, como o comunismo, poderia arrasar facilmente com a Europa. Muito mais se tem em conta que esta renegou sua identidade cristã. Dizia Louis Veuillot: "O mundo será socialista ou será cristão, não será liberal. Se o liberalismo não sucumbe ante o catolicismo, que é sua negação, sucumbirá ante o socialismo, que é sua consequência" (cit. em A. Sáenz, o. c.).

Disse em um artigo o escritor espanhol Juan Manuel de Prada: "Dostoievski resume o desígnio russo pela boca do asceta Paisius em Os Irmãos Karamazov: "Certas teorias afirmam que a Igreja deve converter-se, regenerando-se, em Estado, deixando-se absorver por ele, depois de ter cedido à ciência, ao espírito da época, à civilização. Se se nega a isto, somente terá um papel insignificante e fiscalizado dentro do Estado, que é o que ocorre na Europa de nossos dias. Pelo contrário, segundo as esperanças russas, não é a Igreja a que deve transformar-se em Estado, senão que é o Estado o que deve mostrar-se digno de ser unicamente uma Igreja e nada mais que uma Igreja". Dostoievski profetizou a revolução bolchevique, antecipando seu caráter radicalmente anticristão e desumano, como um castigo divino que caiu sobre a Rússia, para purificá-la; e profetizou também a regeneração do Ocidente, que só poderia alcançar-se através da Rússia. E assim, escreveu no Diário de um escritor: "A queda de vossa Europa é iminente [...] Todas essas doutrinas parlamentaristas, todas as teorias cívicas professadas hoje em dia, toda a riqueza acumulada, tudo isso será destruído em um instante e desaparecerá sem deixar rastro". Aos que estão indigestos tanto papo furado [N. T.: refere-se, por certo, ao consenso geral anti-russo da mídia ocidental] estas palavras de Dostoievski lhes parecerão elucubrações misticoides. Mas, para defender tais elucubrações muitos russos entregaram seu sangue no Gulag; e alguém que sobreviveu ao Gulag as continuou defendendo depois, como por exemplo Solzhenitsyn, que em O Carvalho e o Bezerro escreveu: "Enquanto ao Ocidente, não há esperança; e mais, nunca deveremos contar com ele. Se conseguimos a liberdade, somente a devemos a nós mesmos. Se o século XX comporta alguma lição para a humanidade, seremos nós quem a demos ao Ocidente, e não o Ocidente a nós: o excesso de bem-estar e uma atmosfera contaminante de sem-vergonhice lhe atrofiaram a vontade e o juízo". ("Por quê estamos com Rússia", abc.es).

Nos anos ainda comunistas, o P. Sáenz escrevia, tendo visitado a URSS: "O feito de que o marxismo seja uma religião cosmovisional, se bem invertida, nos faz esperar que uma vez que os soviéticos se convertam, conservarão esse sentido de totalidade, que nada tem a ver com o totalitarismo, e ao abraçar de novo a religião, desta vez a verdadeira, não a limitarão à sacristia senão que tentarão impregnar com ela a totalidade de suas atividades" (Ob. cit.). E cita estas palavras pouco difundidas do Bispo norte-americano Mons. Fulton Sheen:

"Quando Rússia receber o dom da fé, sua missão será a de um apóstolo para o resto do mundo. Convirá dar fé ao resto do mundo. Por quê temos tanta esperança na Rússia? Por quê será o meio de evangelizar as nações da terra? Porque Rússia tem fogo, Rússia tem zelo. Deus pôde fazer algo com o ódio de Saulo transformado-o em amor; pôde fazer algo com a paixão de Madalena convertendo-a em zelo; mas Deus não pode fazer nada com os que não são nem ardentes nem frios. A estes lhes vomitará de sua boca.

"A grande vergonha de nosso mundo, é que temos a verdade, mas não temos zelo. Os comunistas têm zelo, mas não têm a verdade. O comunismo é como o fogo que se difunde por si mesmo sobre todo o mundo; é quase um Pentecostes ao contrário. Algum dia, no lugar de inclinar-se até a terra esse fogo começará a queimar desde cima, ascendendo, ao genuíno modo de Pentecostes, dando aos homens alegria, vida e paz, no lugar do ódio, destruição e morte. Nosso mundo ocidental precisa desse fogo. Não há já profundos amores ou abnegadas entregas e consagrações às grandes causas... Somos frios, opacos, apáticos".

Por sua parte escreveu o alemão Walter Schubart em "Europa e a alma do oriente" (1938): "Hoje os cristãos ocidentais - os que são por rotina - falam com horror dos russos profundamente caídos, pensando ao mesmo tempo em sua própria superioridade. Apesar de tudo, eu digo: precisamente assim como é hoje, será Rússia para dar vida à nova fé. Tem que cair para subir, e tem que cair profundamente para subir mais alto. Dos abismos do mal e do tormento partem caminhos temerários que vão aos cumes da santidade. Esta é a psicologia cristã da culpa. Do mais desumano pode sair o mais elevado. Quando a maldade, no paroxismo do crime se reconhece a si mesma, passa de repente à vontade de regeneração. O cristianismo ocidental, cristão por costume, poderá ser justo e honrado, mas não fecundo. É um burguês - e os burgueses são estéreis -. Lhe falta a coroa de espinhos.  Não é no equilíbrio do mundo burguês, senão no meio dos trovões apocalípticos onde renascem as religiões." E em outra parte da mesma obra: "O Ocidente brindou à humanidade as formas mais estudadas da técnica, da organização estatal e das comunicações; mas lhe roubou a alma. Missão da Rússia é devolvê-la. Rússia possui precisamente as forças espirituais que a Europa perdeu ou destruiu. Rússia é um pedaço da Ásia e também um membro da comunidade cristã dos povos; nisto reside o peculiar e única de sua missão histórica. Somente Rússia reúne condições para infundir novamente alma à uma geração estragada pelo afã do poderio e ossificada no positivismo. [...] Parece uma afirmação atrevida, mas tenho que fazê-la com toda precisão: Rússia é o único país que pode redimir e que redimirá a Europa, porque, a respeito do conjunto do problema da vida, adota uma postura oposta a de todos os povos europeus. Precisamente do fundo de seu sofrimento sem precedentes atrairá um conhecimento mais profundo do homem e do sentido da vida, e o anunciará aos povos da terra. O russo tem para isto condições psíquicas que hoje em dia faltam a todos os povos ocidentais."

Hoje a Rússia está vivendo, através de uma etapa de transição post-comunista, um destacadíssimo redescobrimento de suas raízes religiosas e culturais tradicionais, afirmando-se na liderança de corte czarista de Vladimir Putin. Frente à degeneração abismal que ocupa ao ocidente apóstata e sodomita, Rússia parece encarnar aos valores cristãos por eles [Ocidente] abandonados, defendendo a ordem natural, a família e o sentido hierárquico de respeito à autoridade e às tradições. "Muitos países europeus se distanciaram de seus caminhos, incluindo nestes, os valores cristãos. As políticas ocidentais equiparam os valores tradicionais aos vícios, as famílias com uniões do mesmo sexo, a fé em Deus com a crença em Satanás... Esse é o caminho da degeneração". "Só Deus os julgará", afirmava Putin em um discurso em novembro de 2013.

O mundo ocidental post-cristão está configurando-se hoje contra a Rússia, porque vê ali sua antítese e seu "katéjon". Se este deve ser retirado para que se manifeste o Anticristo, e tanto Roma como a ordem romana foram vencidos - previamente socavados e corrompidos - pelos precursores do anticristo (liberalismo nas sociedades, modernismo na Igreja, imoralidade, degeneração, e satanismo generalizado), essa Nova Ordem Mundial ainda não pode levar-se a cabo, porque algo a impede. Essa ordem romana dos valores tradicionais cristãos - ainda que degradados e não submetidos à ortodoxia católica - subsistes hoje na Rússia, mas para poder resistir inteira e vitoriosamente deve produzir-se a conversão ao catolicismo deste país.

Voltando aos erros que espalharia Rússia, podemos ver que o que começou na Rússia, se transmitiu aos Estados Unidos, com o que o Céu nos advertiria que se por uma parte Rússia tem uma missão providencial em seus planos - servir de castigo pelos pecados do mundo e de feitora de paz e restauração quando de sua conversão -, por outra parte esses erros surgidos dali não seria exclusivos da Rússia, ainda que a difusão dos mesmos ou sua derrota sim dependa da conversão deste país. A demora em realizar esta consagração traria grandes castigos. Recordemos que a Ir. Lúcia recebeu uma comunicação íntima de Nosso Senhor, esta mensagem no ano de 1931:


"Participa aos Meus ministros que, dado seguirem o exemplo do rei de França na demora em executar o Meu mandato, tal como a ele aconteceu, assim o seguirão na aflição."

A referência era a Luis XIV, quem não realizou a consagração da França ao Sagrado Coração de Jesus pedida por Nosso Senhor a Sta. Margarida Maria de Alacoque, e mais tarde seu descendente Luis XVI (quem a faria no cárcere) foi destronado pela Revolução Francesa e decapitado em 1793.

Esse mesmo ano de 1931 foi a proclamação da Segunda República na Espanha, começando assim a queima de igrejas e conventos e a satânica perseguição anticatólica dos comunistas.

A revolução comunista orquestrada pelo poder mundial (que produziu as duas guerras mundiais) não pôde acabar com a religiosidade da Rússia mediante o ateísmo forçado. O intento posterior de querer implantar o revolucionário liberalismo ocidental através da queda do comunismo formal (intento levado a cabo por Mijail Gorbachov e Boris Yeltsin, agentes dos Illuminati nascidos ambos em 1931), tampouco deu resultados. E assim como em seu momento lhes surgiu um obstáculo chamado Stalin, agora o novo obstáculo se chama Putin, ainda que de um caráter oposto e portanto mais perigoso, porque não necessita do terror para governar seu país. Por isso não há outra opção que a guerra para quem busca erigir a Nova Ordem Mundial do Anticristo. Hoje as coisas se invertam e ainda que a maioria não o admita, a Revolução satânica está encarnada nos Estados Unidos com seus aliados sionistas, e o outrora chamado "ocidente cristão" mudou de hemisfério, instalando-se em Rússia.

Mas a salvação da Rússia também depende da consagração ao Coração Imaculado. Por isso a Santíssima Virgem disse à Ir. Lúcia:


“É chegado o momento em que Deus pede para o Santo Padre fazer, em união com todos os Bispos do mundo, a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração, prometendo salvá-la por este meio. São tantas as almas que a Justiça de Deus condena por pecados contra Mim cometidos, que venho pedir reparação: sacrifica-te por esta intenção e reze.”

Isto é assim porque, segundo cremos, se não se realizar esta consagração a próxima guerra será devastadora para Rússia, erigindo-se sobre suas ruínas e as de toda a Cristandade o reinado do Anticristo. No entanto, a promessa do triunfo do Coração Imaculado sustêm nossa esperança. Assim disse Ir. Lúcia: "O santo padre fará a consagração, mas será tarde. E, no entanto, o Coração Imaculado de Maria salvará a Rússia. Lhe está confiada."

Dali a importância que tem esta devoção, que inclusive muitos que advertem os sintomas positivos na Rússia e sua reação ante a impiedade ocidental, não compreendem ou destacam. Por isso, como disse Mons. Richard Williamson: "Sem dúvida, não nos iludamos: a Ortodoxia russa unifica à religião e ao patriotismo numa mescla não totalmente reverente, e esta segue sendo cismática ao não aceitar a Supremacia Papal, e herética ao rejeitar alguns dogmas; portanto, os russos necessitam converter-se à verdadeiramente Universal Igreja Católica. Mas se Nossa Senhora de Fátima tem assinalado a seu país [a Rússia] para ser consagrado ao Seu Coração, não poderia ser não devido ao fato de que os russos ainda são comunistas perversos, mas sim porque os grandes sofrimentos que seu povo teve de suportar durante 70 babilônicos anos de cativeiro comunista os estão fazendo ressurgir das raízes religiosas da “Santa Rússia”, um renascimento de vitalidade espiritual que poderia salvar a verdadeira Igreja, no presente desvanecimento do Oeste, onde a Autoridade da Igreja ainda pode ter um grande número de seguidores, mas com pouquíssima fé, enquanto o resto que ainda permanece Tradicional tem a Fé verdadeira, mas muito pouco se contamos o número de seus seguidores e menos ainda se falamos de Autoridade? Deus bem sabe que a Igreja Ocidental também necessita converter-se!"

"Poderia ser então que a Rússia vá rechaçar este cerco em uma Terceira Guerra Mundial permitindo sua ocupação da Europa, o que levará por fim ao Papa Latino consagrar a Rússia ao Imaculado Coração de Nossa Senhora, como o tem pedido em vão por tanto tempo? Será que neste momento o renovado vigor religioso dos russos salvará nossa deteriorada Autoridade e Tradição Católica, cuja Verdade por sua vez limpará seus erros? Se acontecer assim, então novamente Deus terá “a todos encerrado na incredulidade, para que de todos tenha piedade... Quão incompreensíveis são Seus juízos, e quão insondáveis Seus caminhos... A Ele seja a glória por todo o sempre” (Rm. XI, 32...36). 

"Católicos, tanto os da corrente dominante como os da Tradição, rezem com todas as forças de seu coração pela Consagração da Rússia ao afligido e Imaculado Coração da Mãe de Deus, ou “Theotokos”, como é conhecida na Igreja Oriental." (Comentário Eleison Nº 112, 29 de agosto de 2009).


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